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08/06/2017

Mães e empreendedoras: tudo ao mesmo tempo

A chegada de um filho pode ser também a de um novo negócio. Foi o que aconteceu com Mariane Tichauer, da Itté, e Larissa Souza, da Snack Saudável

Quando nasce um bebê, nasce também uma nova rotina para os pais. Trocar fraldas, dar de mamar, levar ao médico... A lista é longa. 

Para os marinheiros de primeira viagem, a cada dia surgem novos percalços e lições.  Mas e se, entre uma mamada e outra, surgir uma ideia para um novo negócio? Será que esse é o momento certo para empreender?

Uma máxima é repetida por especialistas em empreendedorismo: uma nova empresa tem mais chances de ter sucesso quando ajuda a resolver problemas do cotidiano dos consumidores.

Por isso, talvez os primeiros anos da maternidade sejam propícios para o surgimento ideias de negócios. Afinal, dificuldades não faltam nesse período. E solucioná-las pode ser bom para a própria família e para diversos pais que sofrem com as mesmas questões.

Uma pesquisa da Rede Mulher Empreendedora aponta que três em cada quatro mulheres abrem a empresa após a chegada dos filhos. Muitas buscam horários mais flexíveis para conciliar carreira e maternidade.

Foi em meio à fraldas, mamadeiras, choros, brinquedos e lições de casa que duas mulheres decidiram deixar carreiras tradicionais para se tornarem empresárias.

PRODUTOS VENDIDOS PELA ITTÉ SÃO PRÁTICOS PARA O DIA A DIAS DAS MÃES

PRODUTOS IMPORTADOS

Formada em administração, Mariane Tichauer trabalhou oito anos no setor de telecomunicações. Com o passar dos anos, decidiu que queria empreender. Fez cursos e começou a formular os primeiros esboços de uma empresa de turismo comunitário.

No meio do caminho, ficou grávida de sua primeira filha. Foi durante uma conversa com outras mães que ela percebeu um grande descontentamento.

Todos os produtos para bebês à venda no Brasil eram muito parecidos: rosa para meninas e azul para meninos. Elas também sentiam falta de artigos inovadores que facilitasse o dia a dia dos pais.

“Muitas pessoas compravam o enxoval nos Estados Unidos em busca de produtos diferentes ou com um design mais moderno que o tradicional”, afirma Mariane.

Ela constatou que esse era um nicho pouco explorado. Desistiu da empresa de turismo. E em 2009 – período próximo ao do nascimento de sua segunda filha –, Mariane fundou a Itté, importadora e distribuidora de produtos inovadores e criativos para mães, bebês e crianças.

Um dos critérios para a seleção dos produtos é a própria experiência da empreendedora. “Escolho itens que seriam úteis no meu cotidiano”, afirma Mariane.

“Um dos primeiros artigos que trouxemos, por exemplo, foi um amassador de frutas e legumes para fazer papinhas. Quem é mãe sabe o quanto isso facilita no dia a dia.”

Os produtos que fazem parte do catálogo da Itté são variados: prendedores de chupeta, mochilas, garras térmicas, bichos de pelúcia e por aí vai. Um dos mais populares no momento é um apoio para cabeça para crianças que utilizam a cadeirinha. O produto foi inventado por um pai israelense.

Nesses oito anos, a empresa conquistou clientes em todos os estados brasileiros. O crescimento foi progressivo nos últimos anos. Mesmo com a crise, a empresa teve um aumento de 28% no faturamento em 2016.

A família de Mariane também cresceu. Hoje, ela é mãe de três meninas Catarina, de 11anos, Isabela, de 8 e Olivia, de 6.

Para conciliar a empresa e maternidade, ela optou pela praticidade de ter tudo perto. A casa onde mora, em Vinhedo, cidade próxima a Campinas em São Paulo, o escritório da Itté e a escola das crianças ficam a poucas ruas de distância.  

Apesar de Mariane estar focada no crescimento da Itté, as crianças são sempre a prioridade. “Já perdi reuniões importantes com redes de varejo porque uma das minhas estava doente”, afirma. “Isso faz parte de ser mãe.”

Mesmo com todas as adversidades, ela nunca pensou em desistir.

LARISSA DOS SANTOS, FUNDADORA DA SANCK SAUDÁVEL, E SUAS FILHAS BEATRIZ E ESTER

LANCHES PRÁTICOS

Para algumas mulheres, empreender é a solução para o dilema trabalho e filhos. Foi o caso da assistente social Larissa dos Santos, de Ji-Paraná, em Rondônia. Ela se dividia entre dois empregos diferentes e duas filhas pequenas: Beatriz e Ester.

Apesar do pouco tempo, ela sempre fazia questão de preparar a lancheira das meninas com alimentos saudáveis.

Um dia, ela se deu conta que mandava sempre as mesmas comidas. Para ter novas ideias, pediu permissão para acompanhar a filha mais velha durante o recreio e observar o que os outros pais estavam enviando para a escola.

“Eu achei que havia problemas com os lanches das minhas filhas. Mas percebi que a maioria dos pais mandava produtos industrializados: bolachas, refrigerantes e salgadinhos”, afirma Larissa.

Ela já tinha vontade de empreender para ter horários mais flexíveis e ficar mais perto das meninas. Assim, a dificuldade dos outros pais se transformou em negócio.

No início de 2016, Larissa montou a Snack Saudável, empresa que prepara lanches e entrega em escolas particulares.

Larissa teve apoio de uma nutricionista que ajudou a formular boas opções nutricionais para as crianças.  Todos os alimentos são frescos e produzidos no mesmo dia.

Nos primeiros dias, a adesão foi de 16 estudantes. Nas semanas seguintes, o número saltou para 60. Hoje, só na cidade onde atua, ela entrega, em média, 2500 lanches por mês.

O sucesso repentino chamou a atenção de outros pais que começaram a perguntar sobre franquias da empresa.

“Na época, todo mundo me falava que era muito cedo para começar uma rede”, afirma Larissa. “Mas pensei: se eu não fizer, alguém vai fazer no meu lugar.”

Ela contratou uma empresa especializada em franchising para estruturar o negócio. E desde janeiro deste ano, a Snack Saudável se tornou uma rede de franquias. Nos três primeiros meses, ela já tinha sete franqueados em diferentes estados do Brasil.

Até o fim do ano, a expectativa é somar 20 franquias no total. O perfil dos franqueados é similar ao de Larissa: país que querem ter um negócio e, ao mesmo tempo, desejam estar mais presentes na vida de seus filhos.

Para as mães que querem empreender, Larissa dá um conselho: “Tenham coragem”, afirma. “Diversas mulheres me falaram que tiveram uma ideia similar, mas que não tiveram a mesma determinação para criar uma empresa.”

Mariane, da Itté, acrescenta: “É fundamental estar bem informada e conhecer outros mercados, principalmente os estrangeiros”, diz. “Mesmo que isso signifique ter que se ausentar durante alguns dias. No começo, bate um aperto no coração, mas faz parte do trabalho”.

Fonte: Diário do Comércio
https://www.dcomercio.com.br/categoria/negocios/maes_e_empreendedoras_tudo_ao_mesmo_tempo