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21/11/2017

Home Based. Uma franquia para trabalhar em casa

Muitas redes já oferecem a opção do formato sem ponto comercial. Mas será que dá certo? Bianca Bortot conta porque se tornou uma franqueada.

Ter o próprio negócio, trabalhar em casa e ainda definir o próprio horário de trabalho -eis o mundo ideal, concorda?

Em busca deste sonho, nos últimos cinco anos, milhares de pessoas apostaram suas economias num negócio com esse perfil – as microfranquias, que demandam investimento inicial de até R$ 80 mil.

Dentro desse modelo compacto outro formato vem se destacando: as franquias Home Based.

Com valor de investimento mais baixo e poucos custos fixos, o negócio pode ser montado dentro de casa e é uma das principais tendências do franchising para os próximos anos, de acordo com Altino Cristofoletti, presidente da Associação Brasileira de Franchising, entidade que reúne as empresas do segmento.  

Quando engravidou da primeira filha, Bianca de Almeida Bortot, 38 anos, deixou o emprego na área comercial de uma empresa de revestimentos, em Arujá, para se dedicar exclusivamente à maternidade, nos primeiros dois anos.

Durante esse período, começou a pesquisar a possibilidade de abrir um negócio em casa. Com a ajuda do marido, Bianca mapeou as lacunas comercias existentes em sua região e se decidiu pelo ensino bilíngue. 

Em uma das muitas visitas à escolas, Bianca conheceu o Learning Fun - uma franquia que dá suporte e assessoria as escolas que se tornam parceiras, com metodologia e material didático próprio especializada no ensino de idiomas para crianças. 

Com investimento inicial de R$ 12 mil, ela começou trabalhando em casa, e hoje, é uma das centralizadoras do treinamento e capacitação dos professores da rede do Estados de São Paulo.

Há quatro anos em operação, o negócio chegou ao ponto de equilíbrio há pouco mais de um ano.

Com o crescimento da franquia, Bianca contratou uma coordenadora pedagógica e acaba de abrir um escritório próprio para as reuniões e atendimentos. 

"O modelo Home Based foi ideal porque queria enxugar os custos ao máximo. Trabalhei durante quatro anos sozinha e em casa, e deu muito certo", diz.  

ALTERNATIVA PARA EXPANDIR 

Há um ano e meio, a Vivenda do Camarão trabalha o Home Based como uma alternativa para a expansão da rede - o Vivenda em casa.

De acordo com Rodrigo Perri, sócio-diretor da Vivenda do Camarão, a marca optou por esse modelo após mapear o interesse pela abertura de lojas em cidades menores, especialmente no interior.

Apesar da demanda para o consumo dos produtos da marca, esses municípios não comportavam a presença de uma loja física. 

No caso da Vivenda do Camarão, o investimento proposto para o franqueado é de R$ 20 mil, sendo R$ 5 mil para a taxa de franquia, além do custo com refrigeradores já que as refeições são vendidas congeladas. Há também a exigência de moto ou veículo com refrigeração para as entregas. 

Também no e-commerce, a rede repassa as vendas online para esses microfranqueados, de acordo com o CEP computado na compra.

De acordo com Perri, esse tipo de franquia pode render um faturamento mensal de até R$ 40 mil, como é o caso de um microfranqueado de Curitiba.

A exigência mínima é de que cada pequeno negócio tenha sempre o estoque completo de todos os itens oferecidos pela rede, ou seja, pelo menos um exemplar de cada um dos 50 pratos do cardápio da marca.  

Com 22 microfranqueados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, Perri diz ter mais de três mil interessados no negócio.  

DÁ RETORNO MESMO?

O barato, no entanto, pode sair caro, alerta Ana Vecchi, diretora da consultoria em varejo e franquias Vecchi Ancona.

De acordo com a consultora, algumas marcas realizam uma espécie de maquiagem nesse modelo de negócio porque não querem se caracterizar como venda-direta e estabelecem metas, volume mínimo de estoque e nenhum tipo de suporte para a gestão do negócio.

Uma das dicas da especialista é ficar atento a proposta de cada rede. Ana diz que geralmente, franquias de serviços, como enfermagem, cuidadores, limpeza e manutenção seguem mais fielmente esse formato.

Já para a venda de produtos fica bem mais complicado delimitar a diferença entre home based, venda-direta e representação comercial.

Embora todas as classificações se resumam a uma atividade comercial, elas contêm particularidades em seus contratos, diz Ana. 

Como respresentante comercial, por exemplo, ganha-se por comissão e estabelecem-se metas. "Somente uma avaliação jurídica e tributária pode nortear essa discussão para ninguém sair perdendo".

Antes de se encantar pelo discurso sedutor desse mercado, Ana chama atenção para os termos utilizados pelas franqueadoras como “risco baixo” e “retorno rápido”.

Assim como essas variáveis financeiras não podem ser dadas como certas, a crença de que não é preciso experiência para administrar uma microfranquia também é uma inverdade, na opinião de Ana. 

No caso das franquias de serviços, por exemplo, a consultora argumenta que há uma dificuldade muito grande na contratação de mão de obra, e em muitos casos, essa é uma questão que deveria ser solucionada pela própria franqueadora.  

“No mínimo, é preciso um perfil bem comercial. Não existe dinheiro fácil, e embora possa parecer, microfranquia não é um negócio barato”, diz.

Para Luis Henrique Stockler, consultor e sócio-diretor da Ba Stockler, o modelo Home Based pouco difere  da venda-direta, embora sejam tidos juridicamente de maneira distinta.

De acordo com Stockler, no contrato, a franqueadora deve assumir o compromisso de orientar a operação e zelar pelo desempenho de seu microfranqueado, e deixar claro seus deveres e responsabilidades.

"Os elos de uma representação comercial ou venda direta são muito fracos. É importante fugir desses contratos disfarçados", diz.  

Fonte: Diário do Comércio